As Doenças Inflamatórias Intestinais (DII) são doenças crônicas que acometem o trato gastrintestinal. As duas apresentações mais comuns são a Doença de Crohn (DC) e a Retocolite Ulcerativa  (RCU).¹ Para esclarecer algumas dúvidas sobre as DII, confira alguns mitos e verdades sobre o tema:

As Doenças Inflamatórias Intestinais são todas iguais

Mito. Apesar de apresentarem semelhanças, elas possuem características distintas. A Doença de Crohn (DC) pode atingir todo o trato gastrintestinal. Seus principais sintomas são: diarreia, dor abdominal e perda de peso, podendo causar sintomas de anorexia, emagrecimento e febre. Já a Retocolite Ulcerativa (RCU) causa  inflamação da mucosa do cólon e do reto, causando lesões erosivas e sangramento intestinal. Seus principais sintomas são: diarreia sanguinolenta, eliminação de muco, cólicas abdominais e urgência para evacuar.¹

As inflamações intestinais são de fácil diagnóstico

Mito. Muitos sintomas que ocorrem nas Doenças Inflamatórias Intestinais são inespecíficos e também podem estar relacionados a outras condições gastrintestinais, tais como: gastroenterite infecciosa, intoxicação alimentar, doença celíaca, doença da vesícula biliar, pancreatite, úlceras estomacais, síndrome do intestino irritável (SII) e câncer colorretal.  Por isso, é necessário consultar um médico especialista para que o diagnóstico correto seja realizado.²

As DIIs podem ser hereditárias

Verdade. O histórico familiar positivo para as Doenças Inflamatórias Intestinais pode ser um fator de risco para o desenvolvimento da doença. A ocorrência da DC em vários membros de uma mesma família sugere uma predisposição genética, principalmente entre irmãos. ³-

As DIIs atingem apenas os idosos

Mito. Pessoas de qualquer idade, desde crianças, até idosos podem desenvolver as Doenças Inflamatórias Intestinais. As DIIs são diagnosticadas com mais frequência em jovens com idade entre 15 e 35 anos. 

As Doenças Inflamatórias Intestinais atingem apenas as mulheres 

Mito. As DIIs atingem tanto homens, como mulheres em proporções semelhantes. Porém, a Doença de Crohn possui maior prevalência nas mulheres. ⁷

A alimentação é importante no tratamento das DIIs

Verdade. A alimentação contribui no controle dos sintomas, como a diarreia, dor abdominal, distensão e na prevenção da perda de peso. O uso de suplementos nutricionais também poderá ser recomendado durante o tratamento. O nutricionista é o profissional mais indicado para elaborar um plano alimentar individualizado e indicar um suplemento adequado. ⁸

Quem tem as DIIs não pode consumir lactose

Depende. Na fase ativa, é necessário restringir a lactose, pois sua fermentação gera resíduos intestinais e, em alguns casos, pode piorar o quadro de diarreia. Durante a fase de remissão da doença, a lactose pode ser introduzida gradativamente, desde que afastada a possibilidade de intolerância. ⁸

Atividades físicas são prejudiciais para quem tem as DIIs

Mito. Os exercícios físicos possuem um importante papel na qualidade de vida dos portadores de Doenças Inflamatórias Intestinais e pode ser considerado um dos tratamentos complementares. Os exercícios físicos de baixa e moderada intensidade promovem a melhora na qualidade de vida e auxiliam no trato gastrintestinal, que estão associados à prevenção do Câncer de Cólon, Doenças Inflamatórias Intestinais, Doença Diverticular, redução da constipação, Colelitíase (cálculo biliar) e hemorragia gastrintestinal.⁹ Porém, antes de iniciar qualquer atividade, deve-se consultar o médico de rotina e procurar um educador físico para orientar e acompanhar as atividades.

O paciente com DII pode ter uma vida normal

Verdade. As Doenças Inflamatórias Intestinais não têm cura, mas o tratamento tem o objetivo de reduzir ou eliminar os sintomas e devolver o bem-estar do paciente.¹º Por isso, procure sempre o profissional da saúde para a prescrição adequada dos medicamentos e suplementos. Estudos mostram que uma suplementação adequada, contribui para o ganho de peso, melhora o estado nutricional, reduz o uso de corticoides, contribui para a redução da inflamação e acelera o processo de remissão.¹¹-¹⁵

Referências

1. Santos L, Dorna M, Vulcano D, Augusti L et al. Terapia nutricional nas Doenças Inflamatórias Intestinais: artigo de revisão. Nutrire. 2015;40(3):383-396.2. Diagnosticando e monitorando a DII. Associação Brasileira de Colite Ulcerativa e Doença de Crohn [ Acesso em 4 de novembro de 2019].  Disponível em: https://abcd.org.br/wp-content/uploads/2019/07/ABCD_cartilha_diagnosticando.pdf.3. Cho JH. The NOD-2 Gene in Crohn’s Disease: Implications for Future Research Into the Genetics and Immunology of Cronh’s Disease. USA. Inflammatory Bowel Diseases. 2011: 7 (3):271–275.4. Myrelid P. Surgery and immuno modulation in Crohn’s Disease: Intraoperative endoscopy during surgery for Crohn’s disease of the small bowel. Division of Surgery Department of Clinical and Experimental Medicine Faculty of Health Sciences. Linköping. Linköping University; 2009.5. Ribeiro ICT. Doença de Crohn: Etiologia, Patogênese e suas Implicações. Dissertação de Mestrado de Medicina. Covilhã: Universidade da Beira Interior;2009.6. Perguntas frequentes [Home Page]. Grupo de Estudos da Doença Inflamatória Intestinal do Brasil [ Acesso em 04 de novembro de 2019]. Disponível em : https://gediib.org.br/perguntas-frequentes/7. Cambui Y, Natali M.Doenças Inflamatórias Intestinais: revisão narrativa da literatura. Rev. Fac. Ciênc. Méd. 2015; 17(3):116 – 119.8. Diestel C, Santos M, Romi M. Tratamento nutricional das Doenças Inflamatórias Intestinais. Revista universitária Pedro Ernesto 2012:52.9. Briza W, Navarro A, Sanches L, Bastos K. Os benefícios do exercício físico em pacientes com Doenças Inflamatórias Intestinais. Rev. Brasileira de Nutrição Esportiva. 2010 [Acesso em 04 de novembro de 2019]; 4: 104-108.10. Maio Roxo: um alerta para as doenças do intestino. Vida e ação [ Acesso em 04 de novembro de 2019]. Disponível em: https://www.vidaeacao.com.br/maio-roxo-doencas-do-intestino/11. Borrelli O, Cordischi L, Manuela C, et al.: Polymeric diet alone versus corticosteroids in the treatment of active pediatric Crohn’s disease: a randomized controlled open-label trial. Clin Gastroenterol Hepatol 2006, 4:744–753.12. Critch J, Day SA, Otley A et al. Use of Enteral Nutrition for the Control of Intestinal Inflammation in Pediatric Crohn Disease. J Pediatr Gastroentero Nutr 2012;54: 298–305)13. Dziechciarz P, Horvath A, Shamir R et al. Meta-analysis: enteral nutrition in active Crohn’s disease in children. Aliment Pharmacol Ther. 2007 Sep 15;26(6):795-806.14. Heuschkel R, Salvestrini C , Beattie RM et al. Guidelines for the Management of Growth Failure in Childhood Inflammatory Bowel Disease. Inflamm Bowel Dis. 2008.15. Heuschkel R, Menache C, Megerian T et al. Enteral nutrition and costicosteroids in the treatment of acute crohn’s disease in children. J Pediatr Gastroentero Nutr 2000;31:3-5
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